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Projeto Integrado da Amazônia revista edição 12

Seja bem-vindo!

Esta é a 12ª edição da revista eletrônica do Projeto Integrado da Amazônia, uma parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Nesta edição vamos te mostrar projetos que melhoram a vida de produtores rurais da Amazônia e ainda ajudam a restaurar a floresta!

(clique nos links para ir direto para as reportagens)

  1. Mulheres que semeiam hortas e sonhos: produtoras do Pará se unem a especialistas da Embrapa em busca de mais conhecimento e renda.
  2. Tecnologia a serviço da floresta: conheça a tecnologia que facilita a gestão e o monitoramento da restauração da floresta Amazônica.
  3. Agricultores sustentáveis: também fruto de inovação, as oficinas do projeto IGGTS focam no preparo dos jovens das comunidades para incentivar práticas sustentáveis.

Para tornar a sua leitura mais gostosa, compartilhamos uma playlist com sons da floresta.

Clique no botão abaixo, ajuste seu volume e inicie essa imersão pela Amazônia:

Mulheres que semeiam hortas e sonhos

Reportagem: Kélem Cabral

Cultivar alimentos saudáveis e conquistar uma renda extra…
…era o sonho de várias mulheres de Itupiranga, sudeste do Pará, a 600 quilômetros de Belém.

Há mais de 20 anos organizadas na Associação de Mulheres da Cidade e do Campo, o desejo de trabalhar na terra era grande. Embora muitas delas tivessem na sua herança a agricultura familiar, produzir em ambiente urbano parecia um desafio difícil de superar.

Mas como diz o ditado, “mulheres são como água, crescem quando se juntam”. O que lhes faltava em técnica e equipamentos, sobrava em vontade!

Depois de algumas tentativas frustradas, uma outra mão feminina se somou a essa comunidade. Mazillene Borges, engenheira agrônoma da Embrapa Amazônia Oriental, trouxe o conhecimento que faltava e o verde voltou a brotar nas terras da associação.

Dois anos depois dos primeiros contatos com a Embrapa, a associação já produz hortaliças folhosas e mudas de hortaliças para vender ou se alimentar.

A renda extra vai para a manutenção da horta e atividades de defesa do direito das mulheres.

Mas até chegar aqui foi muito trabalho, muitas tratativas, visitas de campo e, principalmente, o desejo de fazer acontecer.

Até que foi formalizado um acordo de cooperação técnica entre a Embrapa Amazônia Oriental, Prefeitura de Itupiranga e a Associação de Mulheres da Cidade e do Campo, com apoio da Emater Pará.

O objetivo foi instalar uma Unidade de Referência Tecnológica (URT), um pequeno espaço de terra destinado a aplicar os conhecimentos da pesquisa e mostrar às agricultoras como produzir melhor na região.

A ação é parte do projeto Tecnologias Sustentáveis para o Fortalecimento da Olericultura na Amazônia (Hortamazon), vinculado ao Fundo Amazônia, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente.

Uma das integrantes da comunidade é Izaura Wolf Soares, de 64 anos. Com orgulho, hoje ela olha pra trás e reconhece toda a evolução.

“A parceria com o Fundo Amazônia mudou muito a nossa estrutura física e principalmente, nossa forma de plantar”

Izaura Wolf Soares, agricultora

Dona Izaura e Lindalva Rodrigues Carvalho, de 49 anos, responsáveis pelo espaço e pela associação, explicam que a parceria trouxe conhecimento técnico sempre respeitando os saberes tradicionais das mulheres.

Foram vários cursos e oficinas até a descoberta da produção agroecológica, que virou marca da associação.

Os encontros também abriram espaço para que cada uma falasse dos seus sonhos e anseios - sentimentos que provaram ser fundamentais para a superação dos obstáculos que viriam pela frente.

Tudo parecia correr bem, até que em março de 2020 a pandemia de Covid 19 tomou o mundo.

E como se não bastasse esse desafio global, meses depois uma ação criminosa incendiou parte da estrutura das estufas de produção de mudas. Mais uma vez foi preciso recomeçar.

“Desistir nunca foi uma opção”, diz dona Izaura.

Mazillene Borges, a analista da Embrapa Amazônia Oriental que acompanha a associação, comentou que a pandemia e o incêndio foram baques intensos no projeto. Mas a força de vontade das mulheres de reconstruir era enorme.

“Desde o primeiro contato vimos naquelas mulheres a vontade e a resiliência, então das cinzas renascemos.”

Mazillene Borges, analista da Embrapa Amazônia Oriental

Da estufa queimada foram erguidas 4 estruturas com recursos do Fundo Amazônia. Uma delas, com capacidade de produzir até 3 mil mudas por mês.

Também foi construído com recursos do projeto, uma composteira com piso de cimento e área de escoamento de chorume.

“Desta forma, as associadas podem produzir diversos insumos, economizar custos e potencializar a produção agroecológica”, diz Mazilene.

Os cursos reforçaram o valor da organização e da produção agroecológica.

“Aprendemos a produzir nosso próprio adubo e biofertilizantes. Com sementes selecionadas e as técnicas de melhoria de plantio, passamos a produzir mais, com mais saúde e menos custos”, afirmam as parceiras.

Por causa da pandemia, o número de mulheres na horta caiu de 15 para apenas 5. Mesmo assim, a produção está rendendo.

Alface, couve, coentro (cheiro-verde), cebolinha e outras, junto com a mandioca, batata-doce biofortificada e quiabo, reforçam a segurança alimentar das associadas. O que sobra é vendido.

E como sonho e superação são o combustível dessas mulheres, elas querem mais.

“Nosso sonho é aumentar a infraestrutura e ampliar as áreas de cultivo que atualmente ocupam apenas 1/3 do terreno.”

“Queremos capacitar mais mulheres e fortalecer nossa associação”, assim elas visualizam juntas o futuro.

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Tecnologia a serviço da floresta

Reportagem: Renata Silva

O grande desafio do Projeto Integrado da Amazônia é ajudar a desenvolver ainda mais o trabalho do pequeno produtor rural, ao mesmo tempo em que promove iniciativas de recuperação da floresta.

É a sustentabilidade de mãos dadas com a qualidade de vida das pessoas. E a resposta das comunidades é cada vez melhor!

Mas ainda existia uma dificuldade no combate à degradação ambiental: a falta de padronização de dados e da metodologia de avaliação. Não havia um sistema que integrasse todas as informações sobre a recuperação de áreas, como ocorrem e quais são os resultados.

Era preciso que este sistema de dados nacionais pudesse ser acessado por todos os membros da equipe técnica e da propriedade rural.

A Embrapa acaba de resolver a questão!

A restauração florestal ganhou um reforço tecnológico. O sistema chamado AgroTag-Veg, desenvolvido pela Embrapa, reúne informações e as disponibiliza num banco de dados nacional. Agora, ele começou a ser usado em Rondônia.

Isso facilita diagnósticos, tomadas de decisão para políticas públicas e a geração de tendências.

O aplicativo cria intercâmbio de conhecimentos, avaliação e validação de tecnologias que favorecem a recuperação ambiental. É como se fosse um grande mapa de como converter áreas degradadas em áreas produtivas ou fornecedoras de serviços ambientais.

E o melhor: o aplicativo é super fácil e acessível!

"A coleta de dados é simples e a avaliação é rápida. É possível verificar o processo de recuperação com apenas um clique.”

Mairim Dahm da Silva, técnica do CES Rioterra.

O sistema oferece um aplicativo de celular para coleta de dados georreferenciados que funciona no modo offline. Tudo é integrado a uma página na web para acesso e análise dos dados coletados.

O app é gratuito e está disponível no GooglePlay, apenas para o sistema Android.

O aplicativo é dirigido a profissionais que atuam com a restauração florestal, mais especificamente com a recomposição de Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e de Uso Restrito, mas está disponível também a todos que tiverem interesse no assunto.

RECUPERAR

Em Rondônia, estima-se que mais de 400 mil hectares de áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal (RL) precisam ser recuperados.

Essas áreas estão distribuídas em mais de 27 mil propriedades rurais.

Henrique Cipriani, pesquisador da Embrapa Rondônia, diz que existem muitos projetos de recomposição em andamento, mas as informações sobre a eficiência deles estão dispersas. Se as experiências não são compartilhadas, toda a cadeia de restauração florestal é prejudicada.

Com o AgroTag-Veg, é possível integrar esses dados e tornar o trabalho mais eficiente.

Extensionistas do Centro de Estudos Rioterra estão utilizando o aplicativo. Dados de mais de 10 anos de experiência em implementação de ações de restauração florestal do CES Rioterra vão integrar o banco de dados nacional do sistema.

“O uso dos mesmos métodos e indicadores de avaliação facilitam a comparação entre diferentes áreas, permitindo identificar estratégias de recomposição mais eficazes, por exemplo.”

Henrique Cipriani, pesquisador da Embrapa Rondônia

Quem mais ganha com isso? O agricultor!

É o que pensa a extensionista rural Edylamar Leite, do CES Rioterra.

Ela diz que com o AgroTag-Veg, é possível ter em mãos informações necessárias para orientar o agricultor sobre produzir em áreas degradadas que precisam de um cuidado especial e aplicar técnicas eficientes para cada realidade.

“O recurso é inovador e vem para somar no aperfeiçoamento das atividades de forma prática e eficaz.”

Edylamar Leite, extensionista rural

Os diversos benefícios do aplicativo para sistemas agroflorestais foi o que chamou a atenção de muita gente.

É o caso do extensionista rural José Junior da Silva De La Torre.

Ele diz que o AgroTag-Veg contribui com o levantamento florístico das espécies que se adaptam ao local, a taxa de mortalidade e até o ingresso de novas espécies.

"Este sistema nos permite entender de que maneira cada ambiente influencia no processo de recuperação, o que possibilita novos estudos que podem gerar metodologias para cada ambiente da Amazônia."

José Junior da Silva De La Torre, extensionista rural do CES Rioterra.

Juntando os dados obtidos com o AgroTag-Veg e o Sistema de Avaliação de Impactos Ambientais de Inovações Tecnológicas Agropecuárias (Ambitec-Agro), também desenvolvido pela Embrapa, a conclusão foi a seguinte:

Não somente os indicadores ecológicos da restauração florestal são obtidos e analisados…

…mas também dados econômicos e sociais, para garantir qualidade de vida aos agricultores.

“Será possível avaliar também se a propriedade como um todo, o produtor e sua família e, até certo ponto, a comunidade, estão sendo beneficiadas e como”,

Henrique Cipriani, pesquisador da Embrapa.

Agora que você já conhece o AgroTag-Veg, veja no vídeo quais os principais benefícios desse sistema!

O trabalho faz parte do projeto da Embrapa denominado Inovação em restauração florestal e recuperação de áreas degradadas: ações integradas, coletivas e de construção de conhecimento para a melhoria socioambiental da agricultura familiar no Bioma Amazônia - Inovaflora.

Esta ação também compõe o Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz).

Agricultores sustentáveis

Reportagem: Vivian Chies, Dulcivânia Freitas e Graziella Galinari

Você vai conhecer agora uma jornada em que agricultores e pesquisadores se uniram para ampliar seus conhecimentos sobre proteção ambiental…

…e gerar autonomia para medir a sustentabilidade nas propriedades rurais.

Foram diversos encontros, diálogos e oficinas, entre a pesquisa e a agricultura familiar em torno de um objetivo: encontrar uma forma de os próprios produtores verificarem a sustentabilidade de suas propriedades.

Tudo começou em 2018, em Ouro Preto do Oeste, Rondônia, com visitas em assentamentos agrícolas com sistemas de produção agroflorestais de base familiar.

Foi quando a equipe de pesquisadores apresentou seu objetivo para as instituições locais.

Queriam construir, junto com os agricultores da Amazônia, indicadores que permitissem a eles mesmos medirem a sustentabilidade de suas propriedades.

E aí começou uma grande peregrinação…

O grupo seguiu para São Luís (MA), Macapá (AP) e Manaus (AM).

Foi a experiência no Amazonas que reforçou para a equipe a necessidade conhecer as diferentes realidades da Amazônia. Até então, as discussões estavam direcionadas para sistemas de produção e conservação.

Na capital amazonense, contudo, o público era constituído principalmente de agroextrativistas e pescadores.

Em Acrelândia, Acre, a forte interação com os participantes surpreendeu e animou os pesquisadores.

Viagens a Marabá (PA), Juína (MT) e Caracaraí (RO) completaram as 8 oficinas para construção dos indicadores.

João Alfredo Mangabeira, líder do projeto e pesquisador da Embrapa Territorial (Campinas, SP), explicou a peregrinação pelos estados amazônicos:

“Esses indicadores precisam refletir a realidade deles. Então a gente quer envolvimento para saber quais são os indicadores deles, é uma construção coletiva”.

Durante todo o percurso buscou-se, sempre que possível, realizar as oficinas junto com instituições de ensino voltada a filhos de agricultores.

“A ideia é empoderar alunos de ensino médio para utilizarem a ferramenta junto às propriedades de seus pais.”

João Alfredo Mangabeira, pesquisador da Embrapa

Na etapa seguinte, o caminho foi inverso!

Lideranças, educadores e pesquisadores que moram e trabalham no bioma Amazônia foram à Campinas, SP, para um workshop onde consolidaram o conhecimento reunido durante aqueles seis meses e centenas de quilômetros percorridos.

Chegaram então a 31 indicadores para 5 critérios:
  • Governança
  • Ambiental
  • Social
  • Econômico
  • Agronômico

Juntos, eles geram um índice de sustentabilidade multicritério. Nessa última palavra, “multicritério”, está a grande inovação do trabalho.

Sabe por quê? A gente explica com alguns exemplos:

  • Muitas vezes a propriedade é vista somente pelo aspecto ambiental, por exemplo, mas ela pode estar dando prejuízo;
  • Ou pode ser muito lucrativa, porém com práticas que vão exaurir recursos e inviabilizar a atividade ao longo do tempo;
  • As condições para produção agrícola até podem ser excelentes e, mesmo assim, faltar estrutura para comercialização.

Por isso, o objetivo foi desenvolver um método que englobasse todos os aspectos relevantes.

Mangabeira exemplifica a importância de observar diferentes aspectos com o comentário que recebeu de um agricultor no início de sua carreira…

Após a compilação dos dados a equipe testou o método com quatro comunidades, nos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia.

Agora, está tudo detalhadamente descrito em uma publicação, o Guia Metodológico: geração de indicadores de desempenho e índice multicritério de sustentabilidade para agricultura familiar no bioma Amazônia, para poder ser aplicado e adaptado a diferentes contextos.

“Esta ferramenta poderá dar condições para os jovens transmitirem para a sociedade o que fazem de forma sustentável no contexto da Amazônia brasileira, dando condição de transparência de ações positivas para conservação da biodiversidade desta região.”

Raimundo Cláudio Maciel, professor da Universidade Federal do Acre

Dá o play pra ouvir o que pesquisadores e agricultores dizem sobre o novo método:

A edição 12 da Revista PIAmz está chegando ao fim.

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Esperamos que tenha gostado dessa viagem audiovisual.

E que venham muitas outras!

São tantas iniciativas legais, não é mesmo? Então compartilhe essa revista com mais gente e ajude a espalhar os resultados da ciência em favor da Amazônia!

Você também pode acessar o site do projeto para conhecer mais sobre as atividades que estão buscando melhorar a vida das comunidades e do bioma da Amazônia.

Equipe revista digital

Projeto Integrado da Amazônia

Comitê editorial:

Ana Laura Silva de Lima Costa, Antônio Luiz Oliveira Heberlê, Priscila Viudes, Renata Silva, Sabrina Maria Morais Gaspar, Selma Lúcia Lira Beltrão

Fotos:

Alexandre Rita, Daniel Mangas, Denis Cararo, Henrique Cipriani, Kélem Cabral, Ronaldo Rosa, acervo fotográfico do CES Rioterra.

Jornalistas responsáveis:

Antônio Luiz Oliveira Heberlê, Selma Lúcia Lira Beltrão

Edição e diagramação:

Amanda Santo e Gustavo Schwabe

Contato: 2vidascomunicacao@gmail.com

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